domingo, 25 de junho de 2017

Heloísa, Marcos, Violência Doméstica e Duplos Padrões

Heloísa, Marcos, Violência Doméstica e Duplos Padrões

Heloísa, Marcos, Violência Doméstica e Duplos Padrões

Escrito originalmente em 25 de outubro de 2016, noutra rede social, lá pelas três da madrugada.

Me veio à mente, preciso anotar! Quatro da madruga, vou dormir mal pra caralho por causa disso.

Muitas vezes, feministas - não só as feministas e feministos, mas muita gente até muito de fora desse furacão de mentiras do caralho - falam das necessidades de leis que privilegiam somente mulheres enquanto vítimas de violência doméstica, enquanto para os homens isso não é nada necessário e até seria nocivo.

Que tal lembrar da novela Mulheres Apaixonadas? Nela, tinha dois casos de abuso na relação conjugal.

Um, que todos lembram em excesso, é o caso em que Raquel vivia levando surra do psicopata do Marcos. Isso teve uma enorme repercussão nacional. Todos até hoje se lembram das raquetadas, e depois que foi ao ar a cena em que ela vai à puliça denunciar, houve um pico de denúncias de violência doméstica contra esposos em todo o país. Os atores até foram chamados para falar com o então presidente Lula, participar da inauguração de um programa de combate à violência doméstica e tudo o mais. Além disso, recentemente, a Helena Ranaldi foi até o estúdio do CQC 'dar o troco' no Dan Stulbach.

Outro, que dificilmente se vá lembrar, foi de Heloísa e Sérgio. Ela era uma mulher psicopata e altamente ciumenta. Tinha tanto ciúme que chegou a fazer laqueadura para não ter filhos e assim não ter que "dividir o amor" do esposo. Chegou a ameaçar se atirar quando o marido quis dar um tempo de tanta loucura - pouco após ela atropelar outra personagem e confessar a laqueadura. Aliás, era comum ela envolver e ferir muitas outras pessoas (qualquer mulher que estivesse por perto era uma vítima em potencial) em seus ataques de ciúme. Numa das últimas cenas de loucura, ela estava a dirigir pela cidade junto com uma amiga, e por todos os cantos via Sérgio beijando outras mulheres - o que levou-a a capotar o carro.

Mas uma das cenas mais chocantes, a primeira que me veio à mente aliás: Em uma das reuniões com o grupo MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas), ela afirma com toda soberba que considera e trata o marido como uma propriedade, que deve ser protegida contra invasoras a qualquer custo, e assim "justifica" o porquê de ter atropelado uma garota que "dava em cima do meu homem, meu homem!" [1]

Essa conversa toda não é algo que bate bem com a famosa narrativa que permeia os "estudos de violência de gênero", que dizem que o agressor ataca ou mata "por achar que a ofendida é uma propriedade do agressor"?

Nota-se a clara assimetria com que ambos os casos são tratados:

  • Heloísa é mais corrosiva e conseguiu gerar muito dano em um período prolongado de tempo a muita gente ao seu redor, e é reservado a ela uma estrada de redenção, uma temporadinha numa "clínica de reabilitação".
  • Marcos gera muitos danos profundos à mulher em intervalos regulares, além de detonar a auto-estima e o psicológico dela; para ele, foi reservada a pena capital, a morte nas mãos do mocinho/herói.

Por que, diante de casos que são muito semelhantes, apenas um gênero é digno de proteção e cuidado, e ao outro se reserva o ostracismo ou a morte?


Notas e Links

[1]Tem este vídeo, para quem se interessar: https://youtu.be/X8tZ9FmqWVY

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